A importância dos ciclos de feedback no processo de escrita dos alunos

Os ciclos de feedback são múltiplas iterações de retorno sobre o trabalho do aluno, em que o educador não apenas fornece maneiras para que o aluno melhore seu trabalho, mas também o convida a refletir sobre o feedback recebido.

Esses ciclos incentivam um envolvimento mais profundo com o tema, bem como a metacognição — pensar sobre o próprio pensamento — o que promove um desempenho acadêmico mais forte.

Mas o que exatamente envolvem os ciclos de feedback na prática? Em que eles diferem da avaliação formativa e da atribuição de notas? E como implementá-los em sua estratégia de ensino?

O que são ciclos de feedback na educação?

Ciclos de feedback ocorrem quando o educador fornece uma devolutiva ao aluno, o aluno age com base nesse retorno, e o educador fornece mais feedback. É um ciclo que apoia a melhoria contínua e a aprendizagem aprofundada.

Considere os seguintes cenários:

  • O Tutor 1 propõe uma avaliação, corrige e atribui uma nota final (típico da avaliação somativa)
  • O Tutor 2 propõe uma avaliação e fornece feedback antes da entrega final (característico da avaliação formativa)
  • O Tutor 3 propõe uma avaliação e fornece várias rodadas de feedback em diferentes versões até a entrega final (padrão nos ciclos de feedback)

Fica claro qual abordagem impulsionará melhor o conhecimento, o desenvolvimento de habilidades e a retenção a longo prazo.

O terceiro cenário — em que múltiplas rodadas de feedback são integradas ao processo de aprendizagem — oferece aos alunos várias oportunidades de desenvolver e aprimorar seu trabalho, em vez de receber uma nota única sem espaço para reflexão ou crescimento.

Vamos analisar as diferenças com mais detalhes…

Ciclos de feedback vs avaliação formativa: qual é a diferença?

Se você acha que os ciclos de feedback se parecem muito com a avaliação formativa, está certo. Mas há uma diferença.

Tanto os ciclos de feedback quanto a avaliação formativa utilizam tarefas regulares para fornecer devolutivas acionáveis aos alunos. A diferença é que os ciclos de feedback envolvem várias rodadas de retorno, enquanto a avaliação formativa pode fornecer feedback apenas uma vez. Além disso, os ciclos de feedback exigem que os alunos reflitam e relatem como integraram o retorno recebido em seu trabalho, apoiando o desenvolvimento cognitivo.

Na avaliação formativa, os alunos podem ou não agir com base no feedback recebido. Já nos ciclos de feedback, o instrutor tem a oportunidade de revisar se o aluno agiu conforme a orientação e fornecer mais apoio.

Assim, o ciclo de feedback oferece mais oportunidades para desenvolver habilidades críticas e conhecimento de conteúdo.

“Alunos aprenderam duas vezes mais rápido quando receberam feedback construtivo (comentários específicos sobre erros, sugestões de melhoria e pelo menos um elogio) do que colegas que apenas receberam uma nota no dever de matemática.”

“Quando o feedback é inserido no processo de rascunho e escrita, os alunos podem refletir e aplicar os conceitos nas revisões e em tarefas subsequentes, criando um ciclo de feedback autossustentável, separado da pressão da avaliação final.” (Dylan Wiliam, Embedded Formative Assessment, 2011)

Em outras palavras, embora o impacto da avaliação formativa já seja altamente benéfico por si só, os ciclos de feedback podem amplificar esse benefício ao promover mais momentos de reflexão e desenvolvimento.

Ciclos de feedback vs avaliação somativa: o impacto involuntário das notas

Apesar de seus benefícios — como benchmarking e avaliações em larga escala — a avaliação somativa pode reduzir o engajamento do aluno.

Segundo estudos, os alunos encerram sua aprendizagem após receberem uma nota. Dylan Wiliam afirma:

“Alunos que receberam apenas notas não apresentaram progresso de uma tarefa para outra, enquanto aqueles que receberam comentários melhoraram cerca de 30%.”

Ele ainda afirma:

“Alunos que receberam nota e comentários também não apresentaram progresso. O efeito da nota anulou os benefícios do comentário.”

Curiosamente, mesmo quando há feedback, receber uma nota ao lado desse retorno desestimula o engajamento e a motivação.

A implicação da pesquisa de Wiliam é clara: se você quer ver melhoria de desempenho entre tarefas, elimine as notas e concentre-se no feedback.

Como os ciclos de feedback apoiam o processo de escrita?

Os ciclos de feedback são importantes no processo de escrita porque incentivam a melhoria contínua do trabalho do aluno.

Eles ajudam o aluno a desenvolver pensamento crítico, conhecimento de conteúdo, práticas de pesquisa e habilidades de escrita de forma contínua, oferecendo devolutivas ao longo do caminho, e não apenas como evento isolado.

Os ciclos de feedback apoiam o processo de escrita por meio de:

  • Estímulo ao pensamento crítico: Ao revisar rascunhos com base em feedback construtivo, os alunos reconhecem lacunas nos argumentos e melhoram sua análise. O retorno formativo é maximizado quando ocorre durante o processo de escrita, e não apenas na avaliação final.
  • Ampliação da pesquisa: Professores podem indicar áreas para aprofundamento ou sugerir novas perspectivas. O processo iterativo guia os alunos de um engajamento superficial a uma compreensão mais profunda.
  • Promoção da metacognição: O feedback eficaz desencadeia um "diálogo interno [...] e desenvolve a consciência de como aplicar o feedback ao desempenho futuro, comparando o progresso atual com os objetivos desejados" (Universidade de Melbourne).
  • Fortalecimento da confiança e resiliência: O retorno construtivo valoriza o esforço — não apenas o conhecimento — e ajuda os alunos a desenvolverem uma mentalidade de crescimento, aumentando confiança e resiliência.

Alisa Barnard, diretora acadêmica da St. Paul’s School em New Hampshire, documentou o uso de feedback no processo de escrita e afirmou que ele permite:

  • Reflexão em tempo real sobre o processo de escrita
  • Feedback síncrono e assíncrono
  • Acesso para alunos tímidos em grandes grupos
  • Um modelo de colaboração

A colaboração é um ponto-chave. Barnard inicia sua apresentação com uma citação da escritora e educadora Penny Kittle:

“Queremos que os alunos escrevam com clareza, voz e autoridade... Mas professores muitas vezes agem como censores, canetas vermelhas na mão... Muitos gastam horas circulando erros, esperando que os alunos corrijam isso na próxima tarefa... É hora de parar de repreender e começar a ensinar.”

No centro dos ciclos de feedback está o espírito de encorajamento e apoio — onde o educador é um guia confiável e o processo de feedback deve ser acolhido — não uma crítica ao esforço dos alunos.

Ao conduzir os alunos por um processo de aprendizagem autodirigido, os ciclos de feedback fortalecem a confiança e o pensamento crítico — e isso tem implicações para a integridade acadêmica.

Como os ciclos de feedback promovem a integridade acadêmica?

Ciclos de feedback apoiam a integridade acadêmica e previnem o plágio e outras formas de desonestidade, como a contratação de terceiros.

  • Maior engajamento: O retorno contínuo estimula o envolvimento com o tema, permitindo que os alunos assumam mais responsabilidade pela própria aprendizagem, o que reduz a chance de conduta desonesta.
  • Apoio personalizado: Os ciclos de feedback oferecem suporte prático aos alunos, ajudando-os a corrigir e ajustar falhas desde cedo. Esse apoio extra pode evitar fraudes.
  • Maior transparência: Os ciclos tornam o processo de escrita e pensamento crítico mais transparente, dificultando a ocorrência de trapaças.
  • Oportunidades de intervenção: Professores desenvolvem um melhor entendimento sobre o conhecimento, estilo de escrita e progresso de cada aluno, facilitando a identificação de inconsistências.

Se for detectado plágio, o feedback pode transformar a situação em um momento de aprendizado. No entanto, o objetivo final é prevenir o mau comportamento com boas práticas de avaliação.

Como implementar ciclos de feedback na sala de aula?

  • Crie um programa de avaliação formativa: Se ainda não o utiliza, crie avaliações regulares em que os ciclos de feedback possam acontecer.
  • Combine feedback positivo e construtivo: Use elogios e sugestões claras para manter o engajamento.
  • Ofereça devolutivas específicas e práticas: Evite comentários genéricos. Destaque pontos fortes e fracos com clareza. Um checklist final pode ajudar os alunos a revisarem.
  • Dê tempo para revisão: Não apresse os alunos entre versões. Prazos razoáveis reduzem o risco de fraude.
  • Incentive a metacognição: Após cada devolutiva, peça que os alunos reflitam sobre o que aprenderam e como isso melhorou o trabalho.
  • Reveja as revisões: Avalie se o aluno aplicou o feedback anterior e destaque melhorias.
  • Crie um ambiente psicologicamente seguro: Estimule uma mentalidade de crescimento e normalize a iteração. Valorize esforço, não apenas resultados.
  • Use tecnologia para apoiar o processo: Ferramentas como o Turnitin Feedback Studio podem automatizar etapas e liberar tempo para interações mais personalizadas.

Considerações finais

Integrar ciclos de feedback à avaliação formativa não apenas ajuda os alunos a alcançarem melhores resultados, mas também reduz fraudes acadêmicas ao fortalecer a confiança dos alunos e diminuir oportunidades de má conduta.

O Turnitin Feedback Studio permite que educadores criem oportunidades de aprendizagem formativa, algumas das quais são totalmente autônomas — como envios ilimitados e o Draft Coach — para ajudar os alunos a produzirem seus melhores trabalhos, de forma original.

Saiba mais em: https://www.turnitin.com/blog/the-importance-of-feedback-loops-within-the-student-writing-process


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